Trezentos idosos viajaram no passado dia 26 de Agosto, no comboio especial alugado pela Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo para um passeio das Caldas da Rainha à Figueira da Foz.
A 15ª edição do passeio social da terceira idade desta junta de freguesia caldense foi especial, cumprindo-se uma antiga promessa do presidente, Vasco Oliveira.
“Há algum tempo que tínhamos esta ideia de fazer uma viagem de comboio, até porque tínhamos alguns pedidos nesse sentido, e eu fiz essa promessa”, referiu o autarca. Até agora o meio de transporte utilizado era o autocarro, o que trazia alguns incómodos.
Para Vasco Oliveira, este passeio é também um grito de alerta para as administrações da Refer e da CP “para que olhem para a Linha do Oeste, que tem todas as potencialidades de ser rentável com o turismo que existe nesta região”.
Bastou ver a quantidade de pessoas que foram encontrando em algumas estações ao longo da linha para perceberem que há esse potencial, disse o autarca. “É preciso é que se dem as condições necessárias e que seja feita a requalificação da linha e das carruagens”, defende.
Vasco Oliveira considera também essencial a duplicação da linha para evitar as paragens em algumas estações. “Se houver linhas duplas e electrificadas de Lisboa até à Figueira, tenho a certeza que a Linha do Oeste será rentável”, considera.
Segundo o presidente da Junta, havia idosos que nunca tinham andado de comboio e outros que já não viajavam na Linha do Oeste há dezenas de anos.
Com idades entre os 60 e os 91 anos, os participantes puderam apreciar o passeio de uma forma “mais cómoda e rápida”. Para o autarca, não há dúvida que é muito mais agradável viajar de comboio do que de autocarro. “É menos cansativo e isso sente-se ao final do dia. Podemos fazer outras coisas durante a viagem e é mais rápido do que o autocarro”, salientou.
Desta vez o médico que acompanhou a viagem nem sequer teve que acorrer a nenhuma mal disposição, como costuma acontecer quando vão de autocarro. “Foi o primeiro ano que não houve nada. Costuma haver sempre enjoos e algumas dificuldades quando as pessoas desciam dos autocarros e torciam um pé”, comentou Vasco Oliveira.
A viagem ficou um pouco mais cara de comboio do que de autocarro. Foram pagos à CP 3.750 euros pela viagem de 300 pessoas das Caldas à Figueira da Foz, num comboio reservado para o efeito. A conta é paga na totalidade pela Junta e os idosos não têm de pagar nada, limitando-se a levar almoço para o piquenique.
O presidente da Junta elogiou as condições do parque de lazer da freguesia de S. Pedro – Cova Gala, lamentando que nas Caldas não exista um espaço daqueles para receber os visitantes. “É um lugar muito agradável com muitas árvores, mesas, cadeiras, casas de banho e um bar”, referiu.
Só tem pena que não possa receber os turistas da mesma forma que o seu colega da Figueira da Foz o recebeu.
Caldas da Rainha é, aliás, um lugar de paragem de muitas excursões de idosos. Vasco Oliveira, autarca há 25 anos e dirigente da ANAFRE (Associação Nacional de Freguesias), é contactado por muitos colegas que lhe pedem ajuda nas suas visitas às Caldas.
Por ano, devem passar pela cidade dezenas de milhares de idosos em excursões vindas de todo o país e o único parque de merendas existente na cidade é no Parque D. Carlos I, com poucos lugares.
Vasco Oliveira deixa em aberto a possibilidade de repetir o passeio de comboio para outras paragens, como Lisboa ou Setúbal. O autarca está também disponível para realizar uma viagem de comboio em conjunto com a freguesia de Santo Onofre. O que acaba por ser simbólico, porque é a Linha do Oeste que divide fisicamente as duas freguesias.
Aos 61 anos, Arlete Nunes e o seu marido têm participado em vários passeios da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo.
A ex-operária fabril, que está aposentada, gosta de todos os passeios e acha que este não foi melhor por ser de comboio. “Foi muito bom, mas costumo andar de comboio. Às vezes vou a São Martinho com a minha neta, à praia”, contou.
A antiga costureira Dina Vitória não andava de comboio há 50 anos e depois de ter feito esta viagem quer repetir a experiência mais vezes.
Com 75 anos, tem andado sempre de carro e de autocarro. O seu marido é que costuma ir aos passeios da Junta, mas quando soube que este seria de comboio Dina Vitória também quis participar.
“Peço muita saúde para o Vasco e que ele fique na Junta, porque é excepcional”, fez questão em dizer.
Manuel e Maria Vitória Sousa, 59 e 69 anos
Casados há 40 anos, Manuel e Maria Vitória Sousa costumam participar nas excursões promovidas pela Junta de Nossa Senhora do Pópulo e acharam mais confortável viajar de comboio.
No entanto, o fotógrafo reformado, de 69 anos, e a sua mulher, de 59 anos, acham que quando vão de autocarro as pessoas juntam-se mais e há um melhor convívio entre todos.
Manuel Sousa prefere fazer estes passeios de autocarro, mas a sua mulher acha indiferente o meio de transporte porque o que interessa é o dia ser agradável.
Arnaldo e Ana Jesus, 63 e 72 anos
“Podem fazer mais passeios de comboio”, disse Arnaldo Jesus , casado há 38 anos com Ana Jesus. Na opinião deste técnico de electrónica (em pré-reforma), nas carruagens as pessoas andam mais à vontade e conseguem falar umas com as outras, ao contrário do que acontece nos autocarros. “No comboio podemos andar de um lado para outro e no autocarro vamos todos muito acanhados”, contou.
A sua mulher, reformada de uma fábrica, participou pela primeira vez num passeio e gostou muito de todo o dia, principalmente do sítio onde almoçaram na Figueira da Foz.
Maria Leonor Rebelo gostou muito de fazer esta viagem. Pela segunda vez a participar nos passeios da Junta de Freguesia, a ex-emigrante no Canadá chegou muito satisfeita às Caldas da Rainha. “De autocarro e de carro andamos nós todos os dias”, comentou. Por isso, gostaria que a Junta voltasse a fazer um passeio deste género.