Cristina Horta lança livro sobre Manuel Mafra no CCC

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Uma conferência ao ar livre serviu para assinalar as Jornadas Europeias do Património | N. N.

No dia 1 de Outubro será lançado, no CCC, às 18h30, o livro “Manuel Mafra. Ceramista da Casa Real Portuguesa” (Editora Caleidoscópio), obra que resulta da tese de doutoramento de Cristina Ramos e Horta, investigadora e ex-directora do Museu da Cerâmica.

A apresentação da obra vai estar a cargo do docente Pedro Flor. Manuel Mafra (1831-1905), ceramista pouco conhecido que antecedeu e inspirou Rafael Bordalo Pinheiro, foi o introdutor do estilo neopalissista em Portugal.  Este autor obteve grande projecção internacional, tendo sido premiado em grandes exposições que se realizaram na época em França e no Brasil.
Actualmente, as peças de Mafra são muito apreciadas, sobretudo no estrangeiro, onde atingem preços bastante elevados no mercado antiquário internacional.
Cristina Horta, que dirigiu o Museu da Cerâmica entre 2000 a 2009, acredita que esta sua investigação de 10 anos vem ajudar a fazer justiça a um ceramista que foi injustamente esquecido.
A investigadora esteve no sábado, 23 de Setembro, no Museu de Cerâmica, numa conferência no jardim daquele espaço, que teve como tema principal o coleccionismo.

“É preciso espaço e estudo das colecções caldenses”

A oradora explicou que juntar peças é algo inato ao ser humano e deu a conhecer que os principais conjuntos de obras – constituídos no século XIX em Portugal – “foram absorvidos pelos museus portugueses”. No caso do Museu de Cerâmica, há colecções como a das Faianças da Fábrica Rato, que pertenceu a Alfredo Lucas Cabral e ainda a de Maldonado Freitas. Estas são importantes pilares do espólio daquele espaço museológico.
Cristina Horta deu a conhecer que há uma relação interessante do rei D. Fernando II com as Caldas da Rainha. Este coleccionava cerâmica, também se dedicava às artes e tornou-se mecenas de Manuel Mafra. Tê-lo tornado fornecedor da Casa Real “era um marketing extraordinário para atrair compradores ao espaço daquele ceramista nas Caldas”, contou Cristina Horta.
Na sua opinião, a comunidade caldense “tem que refectir sobre os vários conjuntos de obras que o Museu de Cerâmica tem à sua guarda”. Estas foram constituídas com esforço e sacrifício pelos seus mentores e é preciso pensar o que é necessário para as apresentar ao público. A oradora considera que há necessidade de espaço e também de estudo sobre as colecções que foram doadas ao Museu de Cerâmica, como é o caso das peças de cerâmica e vidro de Francisco Carreira ou ainda dos exemplares da Secla que foram adquiridos pela autarquia.
A conferência foi uma das actividades entre muitas que aconteceram no sábado, na cidade e nos museus caldenses, no âmbito das Jornadas Internacionais do Património. Do programa fizeram parte animação de rua, visitas guiadas e apresentações de livros.