Sónia Cortez, uma caldense radicada em França que quer fazer carreira na música

0
2156
- publicidade -

11667814_109291332744984_902760118_n(1)Depois de lançar o seu primeiro single, “Nas Asas de Um Sonho”, a caldense Sónia Cortez prepara-se para lançar o seu primeiro álbum no princípio do próximo ano. “Auto-didacta e lutadora”, como se rotula, foi para França em busca de trabalho há cerca de três anos e foi lá que lhe despertou o sonho de toda uma infância: cantar. “Teimosa e sonhadora”, como também se define, começou a ter aulas de canto há um ano e agora já só pensa em fazer da música a sua vida.
Tal como a borboleta, que escolheu como seu símbolo, Sónia saiu do casulo que foram 13 anos sem música e é hoje livre para lutar pelo seu sonho. Na conversa que teve com a Gazeta das Caldas revelou-se uma mulher sensível e faladora, alguém que mostra um orgulho caldense e português muito próprios.

“Sou uma Sónia musical, dentro de mim há música”, diz a cantora, apesar de nunca ter tido aulas de canto ou de instrumentos até há um ano atrás. As humildes origens de Sónia Cortez nunca lhe puderam pagar os estudos que esta tanto sonhava, mas deram-lhe valores que ainda hoje a guiam.
A artista, de 34 anos, nasceu nas Caldas e viveu no Bairro da Senhora da Luz (até aos 16 anos), onde estudou e onde cresceu a sua paixão pela música. “Lembro-me de andar sempre a cantarolar em casa, com microfones inventados por mim, como embalagens de perfume”, conta.
Chegou a ter um convite para ir para o Conservatório em Lisboa, mas não havia condições financeiras para esse voo. Com 15 anos decidiu tentar a sorte num projecto da Rádio Litoral Oeste, sendo escolhida como corista. Mais tarde estudou na Escola Josefa de Óbidos e com 16 anos a família veio viver para as Caldas.
Um ano depois escreveu uma letra e deu-lhe, mentalmente, uma melodia. Decidiu ir ter com uma pessoa que tinha um pequeno estúdio e que fez os acordes musicais e os arranjos. Foi assim que surgiu “Tu”, música que chegou a estar em primeiro lugar no top da extinta Rádio Caldas. Nesse mesmo ano fez a primeira e até agora única aparição televisiva, no programa Big Show Sic, apresentado por João Baião.
Nas Caldas estudou na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro e ainda hoje recorda com saudade as voltinhas que muitas vezes ia dar ao parque D. Carlos I.
Em nome da independência financeira, começou a trabalhar, primeiro como ajudante de cabeleireira, depois como empregada de balcão numa loja de roupas, mais tarde numa pastelaria e até como secretária.
Durante 13 anos, desligou-se completamente da música, teve de arrumar na gaveta o seu sonho, que só veio de novo à tona há um ano. Nessa altura, já Sónia vivia no sul de França, em Toulouse, onde reside há cerca de três anos. Foi em busca de trabalho e admite que a adaptação não foi fácil. Falava inglês. Francês nem tanto. “Chorei muitas vezes porque queria voltar, mas agora já consigo fazer tudo sozinha, que eu não gosto de depender de ninguém”.
A família ficou nas Caldas. “Lá vai-se vivendo, mas não é a mesma coisa”, diz.
Actualmente trabalha na restauração, tentando encontrar nas horas livres o tempo que precisa para a música. O sonho, esse, é viver apenas a cantar.
Reconhecendo que ainda tem uma aprendizagem a fazer, afirma que “se achasse que não tinha qualidade, independentemente de ser o meu sonho, eu desistia”, até porque se considera bastante autocrítica. Consciente das dificuldades do caminho agora trilha, afirma nunca ter sido de facilitismos.
PRIMEIROS CONCERTOS EM FRANÇA

Em França já fez algumas primeiras partes dos concertos dos Némanus e do Augusto Canário (onde cantou as duas músicas que já lançou no single e alguns covers).
O álbum que agora prepara é totalmente independente e ainda não tem o título nem o número de músicas definidos, mas a maior parte dos temas será em português. Talvez haja uma música em francês e outra em inglês.
Sónia Cortez escreve o que canta. Ao princípio não o queria fazer, mas hoje diz que foi a melhor coisa que fez. “Assim canto o que senti ao escrever”, disse.
E o que escreve Sónia? “Palavras que saem da alma, com muito sonho. Tento passar a mensagem de que não há limite de idade para sonhar”.
Agora que já sabe onde quer chegar, afirma que “não quero a fama, quero apenas o reconhecimento do meu trabalho”.
E tocar nas Caldas? Sónia Cortez diz que isso será um dia uma realidade e que tem a certeza absoluta que quando pisar o palco na sua terra irá chorar.
E como pode a cantora afirmar isso com tanta certeza? Porque só de pensar nisso vêm-lhe as lágrimas aos olhos. “Sou uma caldense que gosta de se afirmar como tal e amo muito o meu país, se pudesse nunca saía daqui”.

- publicidade -