Das Caldas ao Oeste – Produtos regionais

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O vasto património de produtos regionais em Portugal é o espelho da diversidade cultural e paisagística do nosso país, fruto da sua particular situação geográfica entre o Atlântico e o Mediterrâneo e de um longo legado histórico. Quando chega a Primavera, muitas das cidades, vilas e aldeias de Portugal promovem festas de valorização e promoção dos seus produtos regionais, procurando atrair visitantes e dinamizar ao mesmo tempo as actividades económicas ligadas à agricultura, às indústrias agro-alimentares, ao artesanato e ao espírito empreendedor. Estas festas são muito populares porque são uma oportunidade para visitantes e turistas de apreciar e saborear produtos gastronómicos com fortes raízes culturais nos lugares e gentes que os desenvolveram.

Muitos são produtos e sabores únicos e específicos de um certo lugar, fruto de condições climáticas e de solos com características particulares.Mas, para que se valorize  e renove a tradição é fundamental também estimular a inovação, protegendo a reputação dos produtos regionais, promovendo as actividades rurais e agrícolas e ajudando os produtores a obter um prémio para a autenticidade dos seus produtos. Ao mesmo
tempo que se combate a competição desleal e a venda de “gato por lebre”,de inferior qualidade e sabor.
É fundamental que as autoridades municipais, nacionais e europeias regulem e valorizem os produtos regionais!Na União Europeia existem 3 tipos de proteção e valorização dos nomes e qualidades dos produtos regionais:1-Denominação de Origem Protegida (DOP); 2-Indicação Geográfica Protegida (IGP); 3-Especialidade Tradicional Garantida (ETG). Os municípios do Oeste devem trabalhar mais e melhor, não só
individualmente como também em conjunto, para valorizar e proteger os seus produtos regionais, implementando ações e políticas que os tornem embaixadores das paisagens e gentes da nossa sub-região atlântica na Europa. Muitos dos turistas que visitam Portugal referem invariavelmente 3 coisas que apreciam particularmente no nosso país: a gastronomia, as paisagens e a arquitectura. Cabe-nos a nós a sua proteção e valorização.
Nas Caldas da Rainha, onde vivo e trabalho, existe um “Centro de promoção e divulgação dos produtos regionais”, construído com financiamento europeu, propriedade do município e ironicamente alojado num edifício com uma arquitectura que parece imitar a sede da Polícia Judiciária em Lisboa. Lamentavelmente, passados 2 anos desde a sua inauguração a 15 de maio de 2015, os Caldenses ainda não conhecem nenhuma ação
pública, trabalho ou política de proteção e valorização dos produtos regionais do nosso concelho. Está tudo por fazer nesta matéria. Não se trata apenas de proteger e valorizar as Cavacas e Beijinhos das Caldas, populares e com uma longa tradição.Situado entre o Atlântico e a lezíria ribatejana, o concelho das Caldas da Rainha é rico em paisagens, produtos regionais e sabores diversificados e de grande qualidade. Basta pensar nos produtos do Mar e da Lagoa como os ouriços-do-mar, as enguias, os mexilhões e o berbigão. Ou nas frutas e legumes, assim como nas codornizes do Landal, que merecem.

Jaime Neto
jaimemr.neto@gmail.com