Gin de Alcobaça entre os melhores do mundo

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Sabia que em Alcobaça é feito um dos melhores gins do mundo? E que é produzido por uma leiriense que estudou nas Caldas e pelo marido, que é nazareno? A Drinks & Flavours, que no último ano vendeu 50 mil garrafas de gin, foi recentemente distinguida com duas medalhas internacionais

Foi em 2016 que nasceu a Drinks & Flavours, Lda, uma empresa sedeada na Ribeira Grande (Açores) e que pretendia criar e vender o primeiro gin açoriano. Além disso, a bebida deveria ser uma homenagem ao arquipélago e, por isso, Azor é o nome do gin que utiliza o ananás tão típico das ilhas e tem granjeado reputação a nível, com a obtenção de medalhas em concursos mundiais.
A autoria do gin é de Marta Pinto, a única destiladora portuguesa e uma das únicas a nível mundial. Esta leiriense, que estudou na Universidade Católica, nas Caldas da Rainha, começou a produzir bebidas em 2013. O marido, o nazareno Dário Simãozinho, é o autor do design da garrafa (e da empresa), inspirada numa guitarra portuguesa.
Mas, além do ananás, este gin tem mais 18 botânicos na sua composição (como zimbro, limão galego) e é sujeito a cinco destilações individuais.
Da marca Azor há ainda o Reserva, que tem 11 botânicos (como zimbro, cardamomo e canela do Sri Lanka) é sujeito a 11 destilações individuais e que estagia seis meses em barricas de casco de carvalho do Gerês, o que lhe confere uma cor âmbar. Mais recente é o London Dry, sujeito a uma destilação colectiva dos seus nove botânicos (entre os quais limão, coentros e gengibre).
O último a sair foi o 30 Gin – Edição de Autor, feito com oito botânicos (como perpétua roxa e maracujá) que é sujeito a oito destilações individuais.
Se o Azor é a marca mais conhecida da empresa, não é o único gin que ali se produz. Existe ainda o NewHall, um gin colocado no mercado no último semestre e que é inspirado no Algarve e nos seus citrinos.
A empresa dedica-se, ainda, à produção de xaropes para cocktails, uma ideia que surgiu quando se aperceberam que nos bares portugueses os xaropes usados eram todos estrangeiros menos a groselha.
Actualmente, e sob a marca 2Taste, fazem 12 referências com diferentes sabores, entre as quais três exclusivas (chili, cítrico e especiado).

Dos Açores PARA Alcobaça

A abertura da unidade da empresa em Alcobaça, na zona industrial do Casal da Areia, acontece logo em 2016, para dar resposta à procura que foi superior às expectativas iniciais. O arranque das exportações para o Canadá e para a Alemanha também precipitou esse momento.
Actualmente, a Drinks & Flavours tem capacidade para encher 500 garrafas/hora e já conta com sete colaboradores.
Depois da moda do gin, “a procura não caiu”. Ainda assim, é bom ter em conta que existem 120 marcas portuguesas de gin. “O boom que existiu e as vendas malucas acabaram, mas o gin continua a vender-se bem e penso que nunca vai voltar a vender tão pouco como antes desta moda”, diz Marta Pinto.
O facto de esta bebida ser produzida por uma mulher num mundo ainda muito masculino colocou algumas dificuldades ao negócio, mas também teve os seus benefícios. Se, por um lado, existiam as pessoas que sentiam algum receio de experimentar porque era um produto inovador em Portugal, porque era português e porque era feito por uma mulher, por outro lado também existiam aquelas que tinham curiosidade em experimentar exactamente pelos mesmos motivos. E o sucesso já atingiu a escala global.