Mohave acredita em “7 milhões de metros cúbicos de potencial” no subsolo de Alcobaça

0
1461

Oito mil barris de hidrocarbonetos (petróleo ou gás natural) extraídos diariamente do subsolo de Alcobaça. São estas as estimativas da Mohave Oil & Gas Corporation que esta semana iniciou os trabalhos de perfuração em busca de recursos no perímetro urbano de Alcobaça, na zona da Quinta do Telheiro.
Os números foram apresentados na passada segunda-feira por Joseph Ash, alto responsável da empresa petrolífera que há mais de 20 anos estuda o subsolo da região. Joseph Ash falava no Parque de Negócios de Alcobaça, na cerimónia de assinatura da compra de metade da concessão Aljubarrota 3 por parte da Galp à Mohave. Um negócio anunciado em finais de Junho, mas que só foi formalizado esta semana, na presença do ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Pereira.
Na sua vinda a Alcobaça, o governante anunciou que a Direção-Geral de Energia e Geologia aprovou o Plano de Desenvolvimento e Produção de Hidrocarbonetos apresentado pela Mohave para as cinco concessões onshore (em terra) que a empresa detém no país. Um investimento de 230 milhões de euros que se prolonga por cinco anos e que prevê a criação de 200 postos de trabalho directos e 1.400 indirectos.
Álvaro Pereira salientou o facto de esta ser a primeira vez que um plano destes é aprovado em Portugal e que este terá “um impacto muito interessante e muito assinalável para a economia local e para a economia nacional”. Além disso, a apresentação do plano, “independentemente do que venha a acontecer, é um sinal de confiança das empresas nos nossos recursos naturais e na necessidade de os explorarmos”.
Uma confiança confirmada pelo administrador-geral da Mohave, Arlindo Alves. Questionado se a Mohave acredita mesmo na existência de petróleo ou gás natural na região, o responsável afiança “sem dúvida, senão não estaríamos aqui há 22 anos”. Para já, prosseguem as perfurações “na área onde pensamos encontrar 7 milhões de metros cúbicos de potencial”. O Plano de Desenvolvimento e Produção aprovado pela tutela é um importante passo para que nos próximos anos a empresa confirme as suas expectativas não só em Alcobaça, mas também em Aljubarrota, onde decorreram já diversas perfurações, bem como noutras concessões.
Recursos Naturais são oportunidade para país

Considerando que os recursos do subsolo são uma área que tem sido negligenciada em Portugal, Álvaro Pereira salientou em Alcobaça que o Governo aprovou na semana passada uma Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos. Uma preocupação que já não era colocada em cima da mesa há sete décadas.
O ministro da Economia defende que “Portugal tem que capitalizar de forma sustentada o elevado potencial existente dos nossos recursos naturais” e “deve dinamizar este sector de forte interesse estratégico para o país”. Um sector que considera “uma fonte potencial de captação de investimento, de criação de emprego e de receita para o Estado”, lembrando que só a Mohave já investiu 127 milhões de euros em Portugal, 48 milhões dos quais no ano passado.
Álvaro Pereira sublinhou ainda “o papel da indústria de hidrocarbonetos como alavanca do desenvolvimento regional” e que a exploração destes recursos traz consigo “uma melhoria da qualidade de vida das populações locais”. Quem também não esquece a importância desta indústria para as comunidades locais é o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, que voltou a alertar para a necessidade de se definirem os royalties (percentagens pré-definidas das vendas finais ou dos lucros obtidos por aquele que extrai o recurso natural) para os municípios.
Na resposta, Álvaro Pereira diz que “no âmbito dos recursos geológicos, o desenvolvimento das comunidades locais é para nós fundamental. Não se pode fazer investimentos sem as comunidades locais, sem o desenvolvimento regional e por isso essa é obviamente uma das nossas preocupações”.
A presença do ministro da Economia em Alcobaça foi ainda aproveitada pelo autarca para salientar a importância de se avançar com a Área de Localização Empresarial da Benedita e do Hotel de Charme no Mosteiro de Alcobaça. Dois projectos que Paulo Inácio considera fundamentais para o concelho.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt