Caldense retido numa gruta espanhola diz que nunca se sentiu em perigo

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O caldense António Afonso é um dos quatro espeleólogos que ficaram retidos numa gruta na Cantábria (Espanha), depois de terem sido surpreendidos por uma súbita subida das águas.
António Afonso fez a expedição com os vilacondenses Daniel Pinto e Luís Sousa, e o vimarenense Carlos Mendes. Entraram na gruta de Cueto-Coventosa ao fim da manhã de sábado e o pedido de socorro foi feito pela sua equipa de apoio ao final da tarde de domingo.
Ao contrário do que as previsões meteorológicas apontavam, os espeleólogos foram surpreendidos por uma repentina subida das águas que os deixou retidos na zona final do trajecto.
António Afonso contou à Gazeta das Caldas que a equipa se deparou com um caudal da água que lhes bloqueou a passagem “devido ao volume e às fortes correntes”. A água estava cerca de seis metros mais alta do que o previsto. Decidiram não arriscar a passagem e esperar que o nível da água baixasse.
A equipa já tinha conhecimento daquela zona, após ter ali feito uma expedição há dois anos, que serviu de preparação justamente para aquela parte da gruta.
António Afonso realça que este cenário foi previsto quando fizeram o planeamento da actividade e a equipa levou todo o material para essa eventualidade, incluindo mantas térmicas e fontes de iluminação. Além disso, “a experiência diz-nos para levar sempre comida a mais e fontes de hidratação”, complementa.
Montaram um pequeno acampamento para se manterem quentes (a temperatura no local é constante a 12 graus com 99% de humidade), numa galeria que se manteria seca mesmo que o caudal continuasse a subir. De duas em duas horas monitorizavam o caudal.
O espeleólogo caldense sublinha que nunca a equipa se sentiu em perigo. “Era apenas uma questão de aguardar que a água baixasse”, contou. A principal preocupação acabou por ser a falta de comunicação com o exterior, com os companheiros que estavam fora da gruta e com os familiares. “Estávamos bem, mas ninguém sabia”, aponta.
António Afonso diz que aquele é um dos seus locais preferidos para fazer espeleologia e garante que vai continuar a frequentá-lo. “Vamos para aquela zona todos os anos e iremos continuar, até porque agora temos mais amigos espeleólogos – do grupo de resgate ESOCAN – com quem partilhar experiências”.
De resto, ao contrário do que passou em alguma comunicação social, garante que o grupo ficou “grato pelo profissionalismo e apoio de toda a equipa de resgate, que agiu bem e de forma coerente”.