O Centro Interpretativo da Lagoa de Óbidos, um projecto que é resultado de uma candidatura do Conselho da Cidade ao Orçamento Participativo de Portugal, deverá ser inaugurado em Abril do próximo ano. Com um investimento de cerca de 98 mil euros, está a ser desenvolvido pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN). A sessão pública para discussão e apresentação de ideias encheu a biblioteca municipal, com muitos cidadãos a quererem dar contributos para a implementação do centro.
O edifício que irá acolher o Centro Interpretativo ainda não está definido, mas já há a garantia por parte da Câmara das Caldas, que ficará situado na Foz do Arelho e deverá começar a funcionar em 2019. A Liga da Protecção da Natureza (LPN) garante que toda a área abrangente da Lagoa, num total de 20 quilómetros, será abrangida com actividades. Daí que se explique que perto de um terço do investimento total (de 98 mil euros) esteja cabimentado para equipamento. Acrescem 25,9 mil euros em bens e serviços e 2,4 mil em consumíveis. O projecto, que começou a ser realizado em Maio e tem uma duração de 18 meses, prevê ainda 9,3 mil euros para deslocações e 32 mil euros para recursos humanos.
Coordenado pela LPN, prevê a criação de painéis de divulgação em redor da lagoa e exposições, bem como quiosques digitais e de um website.
Serão também dinamizadas visitas gratuitas dirigidas a vários públicos, como debates, visitas guiadas e oficinas culturais. Para estudantes universitários e profissionais ligados à lagoa estão previstas palestras, debates e workshops formativos, assim como acções de recolha de informação científica e acções lúdico-pedagógicas para escolas e acções de divulgação para turistas.
O projecto contempla ainda um programa de incentivo à criação de oferta turística ordenada com ligação ao centro de interpretação. A LPN tem como parceiros o Conselho da Cidade e as autarquias das Caldas, que garante o edifício que albergará o centro interpretativo, e a de Óbidos, que assegurará a sua comunicação.
CERCA DE 70 PESSOAS NA SESSÃO PÚBLICA
As explicações sobre o novo centro interpretativo foram dadas pela bióloga e técnica do LPN, Ana Rita Martins que – juntamente com a engenheira do ambiente, Inês Machado – irá trabalhar na sua implementação, numa sessão pública que juntou cerca de 70 pessoas na biblioteca. Foram muitas as questões colocadas, nomeadamente como serão solucionados os problemas do assoreamento e poluição da Lagoa, ou potenciadas as actividades em redor daquele ecossistema.
Uma das vozes mais críticas da noite foi a de António Eloy, que começou por sublinhar a falta de participação das pessoas a partir do momento em que os projectos são aprovados. Mostrou a sua admiração com o facto de associações locais, como a Pato, não terem sido convidadas a apresentar uma candidatura para a implementação do centro interpretativo e criticou o afastamento dos preponentes (Conselho da Cidade), do seu desenvolvimento e estruturação.
António Eloy defendeu ainda que as pessoas deviam ter acesso ao documento, de modo a poder dar contributos, e criticou a elevada orçamentação destinada aos funcionários da LPN.
A presidente do Conselho da Cidade, Ana Costa Leal, rebateu algumas destas críticas, nomeadamente a da falta de envolvimento desta associação cívica na concretização do centro interpretativo. “Estamos todos envolvidos, o diálogo existe e não tenho visto nada fechado”, disse, acrescentando que está a ser criada uma rede que será fundamental para que as coisas cresçam.
Ana Costa Leal lembrou ainda que a proposta integrou o primeiro Orçamento Participativo que se realizou a nível nacional e que o facto de ser um dos vencedores permite dar uma maior visibilidade à Lagoa.
Também a técnica da LPN, Ana Rita Martins, corroborou desta opinião, destacando que o centro de interpretação “será a base a partir da qual se poderá dar uma resposta mais consistente para os problemas daquele ecossistema”.
O fotógrafo João Martins Pereira também manifestou a sua disponibilidade para colaborar na defesa daquele património único, mas “não para discutir orçamentos”, fez notar.
A segunda sessão pública está prevista para Setembro e deverá ter lugar no concelho de Óbidos.