O Centro Interpretativo da Lagoa de Óbidos deverá abrir portas em Abril do próximo ano. É um investimento de 98 mil euros que resulta de uma candidatura do Conselho da Cidade ao Orçamento Participativo Portugal. Neste momento os técnicos procuram memórias da Lagoa e uma bateira, que será o símbolo do centro. Na sessão os cidadãos mostraram-se preocupados com a continuidade do projecto após a construção do centro e com a falta de dragagens na Lagoa.
O Centro Interpretativo da Lagoa de Óbidos (CILO), uma proposta do Conselho da Cidade que venceu o Orçamento Participativo de Portugal, procura actualmente histórias, documentos, fotos e outros objectos relacionados com a Lagoa.
Ana Rita Martins, da Liga de Protecção da Natureza (LPN) – que está a materializar a ideia, com uma dotação orçamental a rondar os 98 mil euros – informou que o objectivo é ter eventos em que as pessoas possam partilhar o seu conhecimento.
A segunda sessão pública de apresentação do projecto decorreu no auditório da Casa da Música de Óbidos, na passada semana, com mais de meia centena de pessoas na plateia.
A técnica admite que “o orçamento é modesto”, mas refere que o centro “é um início” e que poderá ajudar a dar mais visibilidade à Lagoa.
A comunicação do projecto não envolve nem um flyer ou panfleto. Será divulgado, entre outras formas, através de pequenos teatros de rua que contam a história da Lagoa e através de um programa de incentivo à criação de oferta turística integrada, isto é, o Centro irá procurar prestadores de serviços na Lagoa para criar e vender pacotes de experiências. Por exemplo, num dia o turista pode participar na apanha de bivalves, andar de bateira e degustar os sabores da Lagoa.
“Sabemos que o turismo exerce impacto sobre a Lagoa e necessita de ordenamento, mas pode ajudar a assegurar a sustentabilidade”, tanto do centro como das populações, salientou a técnica.
Uma das preocupações dos locais foi o lixo ao redor da Lagoa. No projecto está prevista uma acção de limpeza, mas em que o objectivo não é aparecer a dizer que recolheram x quilos de lixo, mas sim quantificar e qualificar os resíduos. “Queremos entender a origem do lixo e identificar os locais mais problemáticos”, explicou Ana Rita Martins.
Outra das preocupações apresentadas pelos presentes foi a continuidade do centro depois do fim do projecto (que dura 18 meses, até Outubro de 2019). A técnica da LPN explicou que o modelo de continuidade ainda não está decidido, mas que terá de ficar definido durante a execução do projecto. Uma das ideias é a possibilidade de instalar uma pequena cafetaria ou outros serviços que ajudem à manutenção do centro.
Ana Rita Martins disse ainda que procuram actualmente uma bateira, que até pode não estar no melhor estado, para ser exposta.
Os presentes quiseram saber mais acerca da localização do centro, mas ainda não está concluída a negociação para o mesmo. Ainda assim, sabe-se que ficará localizado na Foz do Arelho e que será assegurado pela Câmara das Caldas, enquanto que o município de Óbidos criará a identidade do centro e ficará responsável pela comunicação.
CÂMARAS SEM RESPOSTA DA APA
Na sessão, alguns dos cidadãos presentes mostraram muitas preocupações com o estado e o futuro daquele ecossistema, bem como com a falta da segunda fase das dragagens e a inutilidade da primeira.
Humberto Marques, presidente da Câmara de Óbidos, recordou o processo das dragagens, afirmando que tanto as autarquias como os pescadores sugeriram sempre que se começasse no corpo superior da Lagoa e que só foram convencidos porque lhes foi dito que a segunda fase viria logo a seguir à primeira.
O autarca revelou que nem a autarquia obidense nem a das Caldas conseguem contactar a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). “Estou muito desassossegado”, referiu.