Cerca de 30 mil pessoas terão passado pela Feira dos Frutos durante os primeiros quatro dias do evento, a esmagadora maioria para ver os concertos que decorrem diariamente e trazem nomes sonantes da música portuguesa ao Parque D. Carlos I. Jorge Palma, Barbara Bandeira e André Sardet foram os primeiros a pisar o palco, mas o momento alto dos primeiros dias foi a entrada “triunfal” do maesto da Banda Comércio e Indústria (BCI), Adelino Mota, trajado à John Snow, para dirigir os 70 músicos que interpretaram temas da série Guerra dos Tronos.
O certame, que quer afirmar-se como um eco-evento, restringiu o uso do plástico e sensibiliza os visitantes para não atirarem as beatas para o chão, mas colocá-las no beatão.
Além da fruta, que dá nome à feira, é possível encontrar uma mostra dos produtos hortícolas, da doçaria, gastronomia e até das actividades económicas mais importantes na região.

Vestido à John Snow (personagem da série televisiva Game Of Thrones ou, em português, Guerra dos Tronos), o maestro Adelino Mota dirigia 70 músicos na noite de segunda-feira. Ouvia-se música da série até que o maestro largou a capa preta. Aí, e depois de uma salva de palmas, Adelino Mota explicou que o concerto teria duas partes, uma primeira de pop rock e uma segunda de música portuguesa e a verdade é que, de Game of Thrones à música tradicional portuguesa, nada faltou no concerto da BCI com Ana Bacalhau.
Para a parte rock entrou a cantora caldense Júlia Valentim, “uma das grandes vozes das Caldas”, na palavra do maestro. “Music”, de John Miles, “I will survive”, de Gloria Gaynor e “Can’t take my eyes off you”, de Frankie Valli, foram alguns dos temas apresentados.
Depois entrou Ana Bacalhau, “uma das melhores vozes deste país”, conforme foi descrita por Adelino Mota. “A Bacalhau”, “Leve como uma pena” e “Maria Jorge” foram as primeiras três canções, intervaladas com o bom-humor da artista e com o partilhar de uma história: é que o maestro Adelino Mota foi uma das primeiras pessoas que apostou em Ana Bacalhau quando ela cantava jazz e a convidou para actuar no Valado de Frades. Depois o primeiro concerto da tour do álbum Canção ao Lado foi na Biblioteca Instrução e Recreio daquela vila.

Júlia Valentim e Ana Bacalhau: duas vozes encantadoras que cantaram juntas

“Os índios da meia praia”, de Zeca Afonso, vieram a seguir, antes dos temas dos Deolinda, “Seja Agora” e “Um contra o outro”. Depois veio uma surpresa com as duas vocalistas a interpretarem “Ouça lá, ó senhor vinho”, antes do encore, com um medley instrumental dos Queen, que terminou com “We are the Champions” cantado.
No fim, novamente um momento divertido proporcionado pela cantora quando chamou ao maestro Adelino Snow.
O público acompanhou o concerto com palmas e a cantar e no fim brindou os 70 músicos entre os 11 e os 57 anos, o maestro e as duas vocalistas com uma demorada salva de palmas e pedidos de mais músicas.
“Foi uma experiência maravilhosa, os músicos tocam muitíssimo bem e os arranjos estão muito bem feitos”, disse Ana Bacalhau à Gazeta das Caldas. A cantora elogiou o espaço onde nunca tinha estado. “Há muito tempo que não tocava nas Caldas e já tinha saudades, foi muito bom ver tanta gente, foi um óptimo público e uma bela noite, numa feira dedicada a fruta com marca portuguesa”, acrescentou Ana Bacalhau, contando que tinha acabado de provar uma maçã de Alcobaça que “é uma maravilha”.
Já o maestro Adelino Mota, salientou que “estas experiências são sempre fantásticas e muito enriquecedoras e prestigiantes para a banda, mas também dão muito orgulho e muito prazer”.
Adelino Mota disse também que “a cidade tem que ficar orgulhosa da banda, que é o único grupo da cidade que actua na Frutos como cabeça de cartaz”.
O maestro reconheceu que “é uma oportunidade para a BCI actuar num palco destes, com milhares de pessoas e com uma artista deste gabarito” e fez questão de agradecer ao público, à Câmara, mas principalmente aos seus músicos por esta actuação. “Dei-lhes cabo da cabeça nos ensaios, foi quase uma tortura, quase até à exaustão, são todos músicos amadores, alguns são crianças outros são adultos, que trabalham todos os dias e à sexta-feira à noite vão ao ensaio para eu lhes chatear a cabeça”.

Milhares de pessoas na abertura com Jorge Palma

O primeiro dia da Feira dos Frutos levou uma enchente ao Parque D. Carlos I. O cabeça de cartaz, Jorge Palma, prometia uma actuação para todas as gerações, para um público familiar.
O concerto começou com o “Tempo dos assassinos”, antes de Jorge Palma mostrar que conhecia a história da fundação das Caldas e a existência da fábrica de Bordalo Pinheiro. “Isto está muito bonito”, referiu, aludindo à moldura humana num espaço tão nobre como o parque. Isso antes de cantar o primeiro momento alto da noite, com “Cara de Anjo Mau”. Seguiu-se o “Quarteto de Cordas” e “Dá-me Lume”.
Num concerto animado, alguém gritou da plateia: “és um espectáculo, Jorge!” e o artista replicou: “obrigado! Estava mesmo a precisar de ouvir isso!”, brincou.
No Parque D. Carlos I uma multidão cantou com Jorge Palma “Na Terra dos Sonhos”, “Bairro do Amor”, “Só” e “Frágil”. A caminho dos 70 anos, o artista tocou ao piano (alternando com a guitarra) a grande maioria dos seus clássicos, como “Deixa-me rir”, “Portugal, Portugal”, “Jeremias, O Fora da Lei” e “A Gente Vai Continuar”.

Bárbara Bandeira quer voltar às Caldas

Bárbara Bandeira disse-se ansiosa por voltar às Caldas

“Que recepção incrível, é a minha primeira vez nas Caldas e estou ansiosa por regressar, que seja a primeira de muitas”, revelou Bárbara Bandeira, no final do segundo dia da Frutos. A artista começou com “Nem sequer doeu” e “Friendzone” e passou por “És tu”, “Como eu”, “E se eu” até chegar a “Crazy”.
Depois cantou aquela que considerou a sua melhor música, “A última carta”, dedicada a uma convidada especial, Sara Carreira, filha do cantor Tony Carreira e, também ela, cantora, que subiu ao palco.
“Em concertos especiais e dos quais eu estou a gostar tenho feito uma surpresa”, anunciou Bárbara Bandeira, concretizando: “quando comecei a cantar, quando participei no primeiro programa televisivo, fui cantar o fado “Gente da minha terra” e há anos que não cantava fado e agora tenho voltado a cantar”. Esse foi outro dos momentos altos da noite, assim como “Larga-me essas”.
Se no dia anterior o público era mais heterogéneo, no sábado à noite a maioria era mais jovem. A primeira fila era composta quase na totalidade por jovens raparigas que cantavam as músicas com a artista.
Antes de cantar a música que mais fala sobre si – “Como Sou” -, Bárbara Bandeira perguntou: “quantos pais foram obrigados a vir por causa dos filhos?”. Depois pediu uma salva de palmas para os pais
No encore, a artista cantou “One Nation” e novamente “Última Carta”.

André Sardet até cantou… Jorge Palma

No domingo, André Sardet trouxe os seus clássicos ao recinto da Frutos, naquele que foi o dia mais fraco até ao fecho desta edição. “Foi feitiço”, “Adivinha o quanto gosto de ti” e o “Azul do Céu” foram alguns dos temas mais conhecidos que foram cantados pelo artista, numa noite em que também apresentou a sua versão do tema “Frágil”, do artista que abriu a feira este ano. Este foi o concerto com menos gente dos quatro primeiros dias, mas como durante a tarde houve um espectáculo das “Canções da Maria” registaram-se tantas ou mais entradas que nos dias anteriores.
Hoje actua Blaya e amanhã Raquel Tavares. O encerramento, no domingo, fica a cargo de Rui Veloso.

Êxito das vendas antecipadas

Ainda faltavam mais de 15 dias para o evento começar e já tinham sido vendidos 5275 passes para os 11 dias de certame. O ano passado, no mesmo período (31 de Julho) o número de passes vendidos ainda não tinham chegado aos três mil.
“Em 2018, durante toda a feira vendemos 4298 passes, enquanto que este ano em finais de Julho já tínhamos ultrapassado esse número”, disse o vereador Hugo Oliveira à Gazeta das Caldas, acrescentando que, a esses mais de 5000, acrescem os ingressos que são comprados diariamente. Para esta maior afluência aos passes terá contribuído a diferença de preço para quem compra mais cedo, assim como o facto destes permitirem a entrada durante todos os dias de certame com um valor simbólico (sai a um euro por dia), que contam com espectáculos diferentes.
Os visitantes podem também, nesta edição, ficar até mais tarde (3h00 da madrugada) a conviver no recinto. A organização alterou o horário de funcionamento, a abrir e fechar portas mais tarde, de modo a permitir que pessoas que trabalham fora e que estão cá durante este período possam estar mais tempo a conviver na feira. De acordo com Hugo Oliveira, trata-se de um teste e resulta dos pedidos dos visitantes em edições anteriores, para que isso acontecesse. Para animar estes fins-de-noite existe um palco para um DJ junto à zona dos bares.

 

Secretário de Estado do Ambiente na inauguração

O governante (ao centro) destacou a biodiversidade do Parque D. Carlos I

O certame, que se assume como um eco evento, foi inaugurado no passado dia 16 de Agosto pelo secretário de Estado do Ambiente e Transição Energética, João Ataíde. Entre as novidades estão a distribuição de eco-cinzeiros portáteis para minimizar o impacto das beatas no chão e a venda do “Eco Copo Frutos Reutilizável”. Os visitantes também podem levar o copo reutilizável de casa, desde que não seja de vidro. A aquisição de bilhetes electrónicos dá direito a uma ecobox, que contém um vaso com uma árvore que pode ser plantada no solo. Quem recorrer ao serviço de estafetas receberá um saco reciclável com a marca “Feira dos Frutos e Praça da Fruta”.

 

Qualidade ambiental

Depois mais de duas horas de inauguração, onde a comitiva deu a volta à feira e visitou os expositores, o governante mostrou-se “encantado” com a biodiversidade do Parque D. Carlos I e da Mata Rainha D. Leonor. “Um espaço que se soube manter ao longo do tempo, conferindo à cidade uma qualidade ímpar em termos de política ambiental”, disse.
Referindo-se à feira, João Ataíde destacou que esta tem uma identidade muito própria, ligada à produção agrícola da região, onde se destaca a fruta, nomeadamente a pera e maçã. Realçou também a presença de outra das características das Caldas, como o seu artesanato e a qualidade da apresentação dos stands institucionais.
Reportando-se às políticas ambientais, o governante encontrou entre os produtores exemplos de mudança nas práticas agrícolas no caminho da sustentabilidade, dando como exemplos a reutilização das águas, a mitigação do recurso à química e um ou outro apontamento de economia circular.
A autarquia convidou também para estar presente na inauguração a governante com a pasta do Turismo, tendo em conta a atractividade turística do evento, mas Ana Mendes Godinho não tinha agenda disponível.
O autarca destacou ainda o facto deste ano haver mais fruta à venda na feira e espera agora que os visitantes tenham isso em conta e que adquiram fruta da época. Também a distribuição dos stands pelo recinto é diferente, com uma maior utilização do espaço exterior, na zona do coreto, sobretudo com bancas de artesanato, e no circuito entre a entrada e o palco dos espectáculos.
Nesta edição continua a ser recriada a Praça da Fruta e, no total, são cerca de 120 os expositores nas mais diversas áreas, com maior foco na fruta, a mostrar os seus produtos.
Tendo em conta a atractividade do certame, o autarca está expectante que possam alcançar os 100 mil visitantes das edições anteriores.