O mau tempo pregou uma partida ao Carnaval deste ano e só na terça-feira, dia 13, é que a Avenida 1º de Maio e a Praça 25 de Abril se encheram verdadeiramente com milhares de pessoas a assistirem ao corso carnavalesco. Desfilaram nos três dias (sábado à noite, domingo e terça -feira) 20 carros alegóricos, cinco grupos de dança e cerca de 1400 figurantes. Temas locais como a Linha do Oeste, o Caldas Sport Clube, o Hospital Termal, Bordalo Pinheiro e o Parque D. Carlos estiveram em destaque nas decorações dos carros alegóricos. Já a nível nacional, o primeiro-ministro António Costa e a sua gerigonça foram os principais alvos de sátira.

A rotunda da Avenida 1º de Maio com a gigante rã bordaliana foi motivo de inspiração para o carro alegórico do Sporting Clube das Caldas, que fez neste Carnaval um elogio ao trabalho e à obra de Bordalo Pinheiro. Mas não foram os únicos. Também os Pimpões, por exemplo, aproveitaram o facto de este ano não existir um tema comum a todos os participantes para se disfarçarem de sapos e rãs, numa referência às peças de Bordalo.
Ainda a nível local, foram várias as associações que fizeram alusão ao Parque D. Carlos I. A ANDAR da Ramalhosa recriou o cenário romântico do lago e da Casa dos Barcos, com os seus figurantes disfarçados à anos 20, relembrando que antigamente o Parque era um local de bailes, concertos e muita animação nocturna. Já a ACDR Sto. Onofre Monte Olivett apresentou uma grande fachada dos Pavilhões do Parque para chamar a atenção que este monumento é um dos ex-líbris da cidade e merece ser reaproveitado.
“Trouxeram o assunto do Parque valorizando-o como algo bom, o que há três anos seria impensável. Identificam-no hoje como um cartão de visita da cidade e um espaço que voltou a ser frequentado por muita gente, quando há pouco tempo os mesmos diziam que era preciso salvá-lo”, frisou o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, num balanço sobre o Carnaval deste ano que custou ao município 100 mil euros.
A Associação de Moradores e Amigos do Bairro Azul contou a história da Mata Encantada, que não deixa passar nenhum adversário do Caldas Sport Clube nos jogos para a Taça de Portugal. Arouca, Académica e Farense já ali ficaram pelo caminho e o Grupo Desportivo das Aves será o próximo a não conseguir furar as redes da baliza do clube caldense.
Outra questão local satirizada foi a Linha do Oeste, cujos problemas surgiram evidenciados no primeiro carro do corso, o da ACDR Arneirense, que transformou o seu veículo num grande comboio para criticar o constante adiamento da modernização desta linha. Este foi também o carro alegórico que transportou os reis do Carnaval, Ricardo Oliveira e Adriana Duarte. Gazeta das Caldas subiu para falar com estas personagens, que representam o Zé Povinho e a Maria Paciência.

“Já participávamos no Carnaval das Caldas como foliões, mas assumir o papel de reis é uma grande responsabilidade e gosto ao mesmo tempo”, conta Adriana Duarte. Ricardo Oliveira acrescenta que os reis devem ser pessoas “genuinamente simpáticas e alegres, que gostem de interagir com as pessoas e puxem por elas, mesmo quando as condições não são as mais favoráveis, como é exemplo esta chuva”.
Sábado à noite e domingo à tarde as ruas da cidade tiveram muito menos gente que no desfile de terça-feira, muito por culpa do frio e da chuva. Mas as colectividades participantes quiseram sempre avançar com o corso, independentemente das condições meteorológicas não serem as mais favoráveis.
O desfile também contou com críticas à geringonça de Costa, a Cristiano Ronaldo (o Grupo Desportivo do Landal trouxe um carro que representava a “clínica de inseminação artificial” do jogador que já tem três filhos concebidos através de barrigas de aluguer) e à corrupção  (o caso Raríssimas, Isaltino Morais, a operação Marquês e os polémicos vouchers no mundo do futebol são alguns exemplos). Houve ainda baianas, mecânicos, mágicos, formigas, Noddys, pescadores e varinas, mães-Natal, bebés, cozinheiros (o rancho folclórico do Guisado trouxe mesmo um fogareiro para assar febras durante o desfile) e… as famosas matrafonas. Essas nunca faltam.