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Como desenvolver uma agricultura mais sustentável que não ponha em risco os recursos para as gerações vindouras? Foi esta a pergunta que serviu de mote para mais uma acção do PS das Caldas da Rainha, que no passado dia 22 de Novembro juntou especialistas do sector na Biblioteca Municipal.
Eugénio Sequeira, presidente da Liga da Protecção da Natureza (LPN), destacou que, para que o desenvolvimento seja sustentável, é preciso que nenhum recurso seja consumido ou degradado em taxa superior à taxa de reposição pela natureza. O investigador, que cavou, semeou, plantou e colheu por todo o país, falou da degradação dos solos e lamentou que os melhores solos tenham sido utilizados para construção. “Portugal é o país com mais área construída. Temos mais de 1,5 milhões de casas devolutas e feitas nos melhores solos”, disse, especificando que o Oeste é um exemplo desse desaproveitamento da boa terra para cultivo.
Outro dos recursos que precisa de ser usado de forma racional é a água. Eugénio Sequeira falou do impacto da construção de barragens e defendeu que as de menor eficiência sejam desmontadas. O responsável falou também sobre o projecto do Alqueva no Ribatejo, que considera que “não é sustentável”.
Também Carlos Mendonça, engenheiro electrotécnico e estudioso das questões agrícolas, falou sobre este projecto que pretende, através da água do Tejo, resolver as carências de água no Ribatejo e prolongar a rede também à região Oeste. Disse que isso aumenta a dependência de Espanha, a qual pode “fechar a torneira” a qualquer momento. Contudo, o especialista disse “não querer tomar já uma posição definitiva” pois ainda está por fazer o estudo profundo desta solução à custa de açudes e mini-hídricas.
Carlos Mendonça chamou ainda a atenção para o facto da crescente escassez de água levar a que cada vez se vá mais fundo nos aquíferos para obter água doce. Além disso, essa água possui mais sais e menos qualidade.
Para falar sobre a Praça da Fruta, outro dos temas do encontro esteve o casal Isa Nobre e Tiago Ferreira, que criou a marca Gramas com Sabor e que comercializa as suas empadas e bolachas na Praça da Fruta. A jovem vendedora referiu que as obras que foram feitas no mercado, com a substituição do piso e uniformização das barracas, não resolvem os problemas de quem ali está diariamente. “Quando chove não é nada prático, nem para os vendedores nem para os compradores”, exemplificou.
No encontro, onde participaram cerca de 20 pessoas, foi ainda mencionada a acção de fiscalização feita naquele mercado no dia anterior, que gerou reacções diversas entre o público. Se, por um lado, houve quem considerasse que é necessário um controle da segurança alimentar, outros acham que é um exagero e chamaram a atenção para o facto de tantas exigências retirarem a ligação directa à terra, que é característica de muitos dos produtos ali são comercializados.
Foi também destacado que a Praça da Fruta é uma característica histórica da cidade e que deve ser aceite em função disso.

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