Mais expositores, mais fruta, segundo a organização, num espaço dividido por sectores e estafetas que fazem a entrega das compras. É assim a segunda edição da Feira dos Frutos, que começou a 18 de Agosto e termina no próximo Domingo. Durante os primeiros três dias o certame foi visitado por 30 mil pessoas e o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, espera que durante os 10 dias passem pelo Parque D. Carlos I cerca de 120 mil visitantes.
Amanhã à tarde haverá a Grande Regata no Parque, antecedida, às 15 horas por uma demonstração e baptismo de Paddle Stand up para todos os curiosos que o desejem. A Regata conta com a participação de 36 equipas, tendo pela primeira vez a participação de equipas estrangeiras. À noite decorrerão as finais.
Às 18h00 em ponto de sexta-feira os elementos da Banda de Comércio e Indústria das Caldas da Rainha estavam perfilados frente ao Céu de Vidro para, ao sinal do maestro Adelino Mota, darem início à cerimónia inaugural da Feira dos Frutos 2017. A directora regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Elizete Jardim, presidiu ao cortejo, que teve como primeira paragem a exposição de fotografia de Carlos Barroso, intitulada “Projecto 2: Passado, Presente e Futuro – Tradições” e que mostra a etnografia do concelho. Depois, durante mais de três horas, a comitiva visitou os cerca de 200 expositores, divididos este ano por áreas temáticas.
Elizete Jardim gostou do que viu e disse mesmo que esta feira está melhor organizada e com os espaços melhor conjugados do que no ano passado.
“Apesar de ser uma feira dedicada à hortofruticultura desta região, que é de quantidade e qualidade, achei muito interessante associar também a componente artesanal, cultural, associativa e empresarial”, disse, acrescentando que se trata de um “excelente aproveitamento deste parque”.
A “arrumação” da feira por sectores foi também referida pelo presidente da Câmara, Tinta Ferreira, salientando que os visitantes entram pelo stand institucional, composto por entidades públicas, associações e espaços de demonstração e debate, e depois seguem para os outros espaços, divididos por sectores. Há zonas de comércio, de alimentação, de bebidas, de maquinaria, assim como outras vocacionadas para os mais novos e para o artesanato.
De acordo com o autarca o espaço de exposição e venda de fruta duplicou e, também há mais fruta para comercialização. “Não ficámos atrás da primeira edição, temos bastantes novidades e iniciativas diferentes”, considera Tinta Ferreira.
Guiné Bissau marca presença
A feira é nacional. Os Açores marcam presença no stand institucional, com a exposição de alguns dos seus produtos endógenos, nomeadamente o ananás. Também é possível encontrar uma representação de Almeirim, com o seu melão, do Fundão, que trouxe às Caldas o pêssego e alguns doces com cereja, como é o caso do pastel e Rio Maior a sua Feira da Cebola (que começa no final do mês).
A Associação Cultural e Recreativa dos Naturais e Amigos do Oio da Guiné Bissau mostra a riqueza de frutos que aquele país africano produz. Num stand decorado com os seus tecidos tradicionais e algumas peças de artesanato, é possível ver expostos frutos como o veludo, alfarroba, ananás, manga, amendoim, fole, calabaceira, caju e papaia. Junto de cada um deles está a sua caracterização e informação das suas inúmeras aplicações terapêuticas.
Se, por exemplo, o veludo é benéfico para combater a hipertensão, colestrol, aumenta a imunidade às doenças e melhora a digestão, já o fole (um fruto que só se consegue encontrar nos países tropicais), é antioxidante e previne o aparecimento das células cancerígenas. “Muitos dos medicamentos concebidos em laboratório resultam destes frutos, embora na bula não o venha referido”, contou à Gazeta das Caldas José Manuel Salgado, da direcção da associação. O responsável salientou ainda que pretendem mostrar à população a existência da associação do Oio, que é uma região da Guiné e que, no último dia, a seguir ao almoço, algumas senhoras guineenses irão confeccionar produtos típicos e dá-los a provar aos visitantes. No mesmo dia à noite será sorteado um cabaz com os frutos típicos daquele país africano.
Serviço de estafetas foi aposta ganha
Os visitantes Silvia Delgada e Nuno Oliveira aderiram à iniciativa dos estafetas. Tinham acabado de ir buscar um saco para ir às compras quando falaram com a Gazeta das Caldas. O objectivo era ir às compras depositando o saco no stand dos estafetas, para o irem depois recolher no final da visita à feira. “Se funcionar é uma boa ideia”, disse o casal caldense.
Já o ano passado tinham ido à feira e consideram que este ano “está maior e que aprenderam com algumas coisas que não correram tão bem na primeira edição”.
O reparo vai para a troca de bilhetes que era necessário fazer para entrar no recinto. “Chegámos ao ridículo de quem adquiriu os bilhetes já com uns meses de antecedência sujeitar-se a uma espera maior do que para comprar um bilhete”, disse o casal que esteve mais de meia hora na fila para trocar os ingressos no primeiro dia.
Já a também caldense Ana Martins não teve esse problema pois trocou o seu passe no Posto de Turismo ainda antes da feira ter começado. “Achei que era a melhor solução para evitar filas”, disse, mostrando-se agradada com o certame, que considera mais bem organizado.
Este ano a organização improvisou uma mini Praça da Fruta no Parque. Logo após o stand institucional é possível encontrar várias banquinhas onde os vendedores dispõem os seus produtos durante os 10 dias de feira, em vez de se prolongar o mercado na praça tradicional, como foi experimentado no ano passado.
Regina Carreira é uma das vendedoras. Depois de fazer o mercado, segue para o Parque, onde monta a banca para mais umas horas de trabalho. Está a gostar da experiência, até porque muitos dos visitantes conhecem-na da praça, falam com ela e compram alguma coisa.
“Só foi pena ser um pouco em cima da hora e não termos tido tempo para nos organizarmos melhor”, diz Regina Carreira, que gostaria que esta iniciativa tivesse continuidade.
A vendedora já deu uma volta pelo recinto e gostou do que viu. Ainda se lembra das antigas feiras e de, como outrora, se vendia mais. “Agora é mais expositivo”, remata Regina Carreira.
Nas bancas de Sérgio Teixeira há uma grande variedade de plantas aromáticas e de sabonetes artesanais. Vende na Praça da Fruta e na feira faz sobretudo promoção, diz, destacando a boa organização do evento.
Ao lado, Ana Clara Santos vende os seus bolos caseiros. Entre os vários produtos que tem à disposição de quem a visita, destaca as suas bolachas de amêndoa e o pão de ló feito à maneira antiga. A vendedora considera que esta é uma boa forma de divulgar os seus produtos, num espaço agradável.
Destaca também que o serviço de estafetas, este ano implementado, é uma mais valia. Além da simpatia dos jovens, diz que estes não têm tido mãos a medir.
O serviço de estafetas pretende permitir às pessoas visitarem a feira sem ter que andar com as compras atrás. Existem dois stands, um à saída do stand institucional, que recebe os sacos e os guarda até os clientes os irem buscar, e outro frente ao Hotel Sana, para as pessoas que vão buscar o saco com o carro.
Não tem durabilidade, permitindo às pessoas poderem estar o tempo que querem no recinto e, no final, ir levantar o saco das compras onde ficou combinado. Inicialmente os sacos estavam apenas no serviço de estafetas mas, dada a adesão, estes foram entregues aos vários expositores.
Foram feitos 40 mil sacos e existem oito estafetas, devidamente identificados afectos a este serviço.
Mais produtos biológicos
O aroma convida a visitar os Frescos da Vila, um espaço onde apenas se comercializa morangos. É o segundo ano que Edite Leitão está no certame e não tem tido mãos a medir. “Curiosamente há muitas pessoas que vêm à procura dos Frescos da Vila”, diz a vendedora que inicialmente estava com algum receio nas vendas, dado que o seu stand tinha mudado de localização.
Edite Leitão vem de Mafra e faz diariamente 160 quilómetros para participar na Frutos. “E todo o produto que é aqui vendido é apanhado nesse dia de manhã e escolhido e embalado na hora”, complementa.
Aos clientes que já tinha, a vendedora está a juntar os novos que, nestes primeiros dias provaram os seus morangos e já voltaram para levar mais. Isso tem levado a que a quantidade deste fruto a trazer para a feira venha a aumentar gradualmente. Os Frescos da Vila estão localizados em Caieiros, no concelho de Mafra, onde têm 100 mil plantas a produzir, ao ar livre.
Nesta edição os produtos biológicos também têm um lugar de destaque. No stand dos Produtores Biológicos estão expostos vários frutos, legumes, azeites, chás, flor de sal e mini-legumes, a grande maioria de produtores da região Oeste, mas também um pouco de todo o país. As abóboras Hokkaido, uma espécie originária do Japão, têm sido as mais procuradas, tanto para alimentação como para a decoração.
Fernando Santos salienta que entre os estrangeiros os produtos biológicos já são muito consumidos e que também na região se vem registando um maior interesse. “Portugal neste momento tem uma grande qualidade ao nível do biológico e já uma grande produção”, disse, acrescentando que agora é preciso apostar na transformação.
Sandra Simões Martins, dos Biológicos da Rainha, também está na feira a expor os produtos que vende diariamente na sua loja ao pé do Chafariz das Cinco Bicas. “A nossa ideia é divulgarmos a agricultura biológica, a nossa produção própria de maçã, pêra e cebola, assim como de outros produtores”, disse, acrescentando que as pessoas mostram curiosidade.
No domingo também houve uma sessão temática sobre agricultura biológica, que contou com uma grande afluência e levou a que, ao invés de hora e meia, como estava inicialmente previsto, durasse três horas, ou que “mostra que há muita gente interessada nesta área”.
Sandra Simões Martins diz que inicialmente os clientes procuravam produtos biológicos por não terem resíduos, mas agora têm em conta o facto de serem mais saudáveis e respeitarem as exigências ambientais.
A família Martins foi precursora na produção e comercialização de produtos biológicos na região. “O meu sogro foi pioneiro na produção de diospiro biológico em Portugal, há mais de 20 anos”, recorda.
Amanhã há regata no Parque
Amanhã, 26 de Agosto, pelas 16h30, começa a Grande Regata da Gazeta das Caldas e Museu do Hospital e das Caldas que este ano conta, pela primeira vez, com equipas estrangeiras. Ao todo são 36 as equipas que irão defrontar-se em quatro rondas. Em cada uma delas serão apuradas duas equipas que irão à final, que se realiza às 21h30 e contempla duas voltas ao lago.
Antes, e a partir das 15 horas haverá demonstrações e baptismo de stand up paddle para os curiosos no lago do parque, que se mantêm até à hora de início da regata. Trata-se de uma parceria da Gazeta das Caldas com a Câmara de Peniche e o Peniche Surfing Club. Para quem desejar fazer a experiência deve levar vestuário simples para o efeito.
Durante este fim-de-semana, os visitantes poderão também assistir a demonstrações de showcooking, a sessões temáticas sobre tendências de consumo, segurança alimentar e modo de produção biológico. Existem diversos ateliers para crianças e adultos relacionados com a aromaterapia, assim como concertos de música portuguesa ao final do dia, entre as 19h00 e as 21h00, no hotspot.
Diariamente, entre as 22h00 e o encerramento do certame, há videomapping, a surpreender os visitantes, que nunca sabem o local onde a apresentação irá decorrer.
A organização está também a sortear por quem faz compras imans em cerâmica com o logótipo da Frutos. Assim cada vez que adquirem um produto nos expositores têm direito a uma rifa que, contemplando o iman, poderão levantar no secretariado do certame. Ao todo existem cinco mil imans para oferecer.
O sucesso do Pastel Bordalo
Desde que foi apresentado, todos os dias esgotou. O pastel Bordalo agradou definitivamente às pessoas que, diariamente, o têm procurado na Feira dos Frutos, mas também no Beco do Forno, no centro da cidade.
Cada pastel tem 35 gramas e 126 quilocalorias. Os ingredientes são grão de bico, queijo fresco (metade de leite de cabra e metade de vaca), canela, limão e açúcar.
“Foi a junção do grão de bico, que não é muito comum, ao queijo e ao limão, para tentar promover um pastel que também tem em conta a escala energética”, explicou Paulo Santos o chef pasteleiro (do Beco do Forno) que, em conjunto com Luís Tavares (Fábrica Paris) concebeu o Pastel Bordallo. Pedro Maia, da Gracal, foi o autor da concepção da embalagem, que foi depois desenhada pela designer Maria João Botas, que se baseou nos azulejos de Bordallo Pinheiro. A caldense venceu o concurso de embalagem promovido pela ACCCRO a nível nacional.
No seu lançamento, que decorreu no passado dia 19 de Agosto, na Frutos, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, disse que a qualidade do produto e a beleza da caixa ditarão o sucesso do produto. O presidente da ACCCRO, Paulo Agostinho, salientou que estiveram envolvidas no projecto mais de 20 profissionais e entidades. Ao apelidar o pastel de Bordallo a associação comercial pretende homenagear o seu primeiro presidente da assembleia geral, o próprio Rafael Bordallo Pinheiro.
“O Pastel Bordallo é um produto de excelência que vai dignificar o nome do mestre, engrandecer a marca “Caldas da Rainha” e que vem colmatar uma falha identificada na oferta doceira”, disse o responsável.
Também presente esteve Isabel Castanheira, especialista na obra de Rafael Bordallo Pinheiro, que partilhou a “história dos Bordallos”, uma estória que poderia ter sido verdadeira, mas que foi inventada de propósito para “acompanhar” o lançamento do doce. Quem também não quis faltar foi o próprio Bordallo Pinheiro, interpretado por José Ramalho, e a sua habitual boa disposição.
Para esta apresentação foram feitos 500 pastéis, que se esgotaram em pouco tempo. F.F.
Cerâmica contemporânea em destaque
A Casa dos Barcos está convertida em espaço expositivo dos ceramistas contemporâneos. O comissário da Molda, João Serra, escolheu 12 ceramistas caldenses para mostrarem o seu trabalho. O resultado é uma “exposição muito interessante porque atravessa diversas gerações dos ceramistas caldenses, que aqui apresentam os seus projectos mais recentes ou mais emblemáticos”, explicou Carla Cardoso, professora da ESAD e da direcção executiva da Molda.
Em exposição estão trabalhos de Ana Sobral, Carlos Enxuto, Catarina Nunes, Cláudia Canas, Elsa Rebelo, Francisco Correia, Joel Pereira, Laboratório d’Estórias, Mariana Sampaio, Rita Frutuoso, Umbelina Barros e Vítor Agostinho. “Todos estes autores têm um carácter artesanal, em contraponto até com a montagem da exposição, com os moldes da produção industrial da cerâmica das Caldas”, salientou Carla Cardoso.
No mesmo espaço, e do lado oposto à mostra dos artistas caldenses, estão expostas peças da Colecção de Design Cerâmico Internacional, que a Câmara começou a adquirir o ano passado durante a edição da Molda 2016. Estas peças foram adquiridas pela ESAD com verba da Câmara e muitas delas são numeradas e seriadas, e pretendem colmatar uma lacuna no panorama do património museológico de cerâmica detido pelas Caldas da Rainha.
F.F.
DRAP-LVT prepara candidatura para obras na barragem de Alvorninha
A Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAP-LVT) está a preparar uma candidatura para apresentar, até final de Setembro, à Autoridade de Gestão do Programa de Desenvolvimento Rural 2020, para a realização de obras na barragem de Alvorninha.
A directora regional, Elizete Jardim, realça a necessidade de intervenção e deu nota da pressão que tem sido feita pela autarquia no sentido da sua concretização. Destacou ainda que esta era uma das obras que tinham dado como prioritária para ser inscrita na candidatura ao Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial, mas que a OesteCIM não o fez.
Já foram encomendados os estudos necessários para depois ser definido o valor da intervenção, mas a DRAP-LVT conta com um orçamento na ordem dos 300 mil euros.
A barragem de Alvorninha, com um investimento de 6.5 milhões de euros, foi concluída em 2004, destinada a regar uma área de 120 hectares de terrenos agrícolas das freguesias de Alvorninha, Vidais e Salir de Matos. No entanto, esta nunca encheu devido a dificuldades de retenção da água.
À margem da inauguração da Feira dos Frutos, Elizete Jardim explicou ainda que não foram retirados serviços da zona agrária das Caldas, mas sim reorganizados. De acordo com esta responsável, neste momento os serviços relacionados com a análise das candidaturas de agricultura estão em Santarém, enquanto que a análise das candidaturas das pescas só é feita nas Caldas. Também nesta cidade foi criado o serviço de controlo, que “é o que exige mais proximidade aos agricultores e idas ao campo”, explicou.
Elizete Jardim acrescentou ainda que a zona agrária caldense até tem actualmente mais funcionários (35), e que através da mobilidade interna esta direcção regional tem conseguido rejuvenescer a equipa técnica.
F.F.