IPL quer ser universidade poli-técnica e queixa-se de falta de financiamento público

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Gazeta das Caldas
Rui Pedrosa abordou os constrangimentos financeiros que o IPL enfrenta devido a alterações legislativas | D.R.

Rui Pedrosa, presidente do Instituto Politécnico de Leiria quer que este se transforme em Universidade Politécnica de Leiria. Uma ideia reafirmada na sessão solene de abertura do ano lectivo, que se realizou a 6 de Novembro no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria. O responsável aproveitou a ocasião para falar sobre a falta de financiamento estatal que está a pôr em causa vários projectos de investigação e de desenvolvimento do IPL.

 

 

Rui Pedrosa, presidente do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) afirmou que “se tivesse uma única prioridade, seria a da alteração da designação para Universidade Politécnica de Leiria”. Segundo nota da imprensa daquela entidade, o dirigente pretende uma denominação “condizente com a missão e plenitude funcional do Politécnico de Leiria, determinante e diferenciadora, sem preconceitos”.
Na sessão solene de abertura do ano lectivo, Rui Pedrosa deixou claro que os vários constrangimentos de ordem orçamental estão a colocar em causa a sustentabilidade da instituição, nomeadamente um déficit orçamental para 2019, fruto das alterações legislativas.

Depois de dar as boas vindas aos 4500 novos estudantes à instituição, Rui Pedrosa destacou a emergência da implementação de politicas governamentais que promovam e adjudiquem esse esforço, referindo-se à outorga de doutoramentos, à alteração da designação e à criação de uma nova fórmula de financiamento do ensino superior.
Sobre as dificuldades orçamentais, o presidente do Politécnico deixou clara a sua preocupação: “terá que chegar, obrigatoriamente, um reforço financeiro ao Politécnico de Leiria, sob pena de termos que bloquear todas as aquisições de bens e serviços até ao final do ano por falta de disponibilidade de tesouraria. Fruto do aumento das despesas exclusivamente decorrentes de alterações legislativas, faltam-nos aproximadamente 600 mil euros de reforço via Orçamento de Estado”.

 

Mais estudantes, mais constrangimentos

 

O Politécnico de Leiria tem hoje mais de 130 projectos de I&D financiados, na sua maioria, com empresas e instituições, cuja execução “pode ficar comprometida caso o reforço do financiamento não nos chegue urgentemente”. Para 2019 é já possível estimar um deficit orçamental, via Orçamento de Estado, de 1,1 milhões de euros no Politécnico de Leiria, decorrentes do aumento das despesas das alterações legislativas.
Também o financiamento dos cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) foi referido dada a “necessidade muitíssimo urgente de um financiamento simplificado através dos custos unitários”. A actual carga burocrática “é incomportável e insustentável”, quer pela elevada necessidade de recursos humanos dedicados ao processo, “quer pelos atrasos inerentes ao processo de pedidos de pagamento”, que têm consequências financeira nefastas e estrangulamentos operacionais que condicionam a actividade normal do Politécnico de Leiria.
Para Rui Pedrosa “há mais de uma década que o financiamento em vez de premiar o mérito, faz o oposto”. Ano após ano, o presidente diz que o Politécnico de Leiria recebe mais novos estudantes que nos anos anteriores, porém este esforço para atrair e reter talento para a região “vai resultar em mais constrangimentos financeiros, pois por este sucesso e o consequente aumento da despesa via Orçamento de Estado, não recebemos nem mais um euro”. É, na sua opinião, “absolutamente injusto” ter instituições de ensino superior que recebem “mais de 5000 euros por estudante por ano, e outras que recebem menos de 2000 euros”.

 

IPL é a 9ª maior entidade de ensino superior

 

A política de financiamento também preocupa o Conselho Geral (CG) do IPL. O seu presidente, Pedro Lourtie lembrou que a entidade “tem uma das verbas de financiamento por aluno das mais baixas do país, o que cria uma série de constrangimentos, não favorece o seu trabalho e diminui as respostas que pode dar à região”. O responsável referiu que o IPL é a nona maior de 34 instituições de ensino superior, mas “é a quinta mais subfinanciada”.
Pedro Lourtie relembrou que a possibilidade legal de atribuir doutoramentos é no IPL uma necessidade “absoluta e justa”, pelo “número significativo de doutorandos que fazem todo o seu trabalho aqui, com empresas da região e ao serviço das suas necessidades, mas que não são legalmente doutorados do Politécnico de Leiria”, rematou.